ESTUDO NO LIVRO DE JO!

 [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
Parte 01 - Imaginemos...
(01) Imagine você com 07 filhos e 03 filhas, gente bonita, alegre, feliz... De repente,
num dia sinistro, todos morrem ao mesmo tempo.
(02) Imagine você bem colocado na vida, com bens, casa, carro, apartamento na praia...
De repente, de uma hora para outra, no meio de uma crise mundial, você perde tudo,
fica com as mãos abanando...
(03) Imagine que você tivesse a seu serviço, ou ao serviço de sua empresa, muitos
empregados. De repente, todos se afastam e você fica sem ninguém. Ninguém, mesmo.
(04) Imagine que você é bastante saudável, boa saúde, pratica até algum esporte. E que
num dia de tragédia você se levanta de manhã e percebe que está sofrendo de uma
enfermidade muito grave: elefantíase, lepra, câncer de pele, ou outra tão ou mais
terrível. Seu corpo se transforma numa chaga só, da cabeça até os pés. E você no
desespero começa a raspar as feridas, que cheiram muito mal, com um caco de telha.
(05) Imagine que você é uma pessoa muito conhecida, viajada, bem relacionada no
meio da sociedade e dos negócios. Sem explicação, de repente, você perde todos os seus
amigos e conhecidos.
(06) Imagine que no meio dessa tragédia só restou seu cônjuge. Depois de toda essa
angústia e provação, num acesso de mau humor seu cônjuge dissesse a você: “Ainda
continua justo? Por que você não amaldiçoa DEUS e morre?” (Jó 2.9)
(07) Você se lembra que sempre foi correto em seus negócios, nunca ficou devendo
nada aos bancos e outras empresas, fiel com suas amizades, um caráter íntegro e ainda
temente ao DEUS Todo Poderoso. E, ainda, em sua igreja você participava como
obreiro, dirigindo até cultos de oração e de estudos bíblicos. Você pensa: “Como isso
foi acontecer comigo?”
(08) O que eu faria se isso tivesse acontecido comigo?
· Mandava a vida às favas e cometeria suicídio?
· Falaria mal de DEUS?
· Xingaria, Blasfemaria?
· Duvidaria da existência de DEUS?
· Outra coisa?
Conclusão: Muitas vezes, DEUS permite que passemos por grandes provações. Mas, ao
final, quando olhamos para trás, percebemos que aqueles dias sombrios foram tempo de
grande aprendizado e de comunhão com o Senhor. Aprendemos de forma prática que as
adversidades da vida podem ser um sinal do amor do Pai por seus filhos.
Lembrando: O sofrimento não é um tema popular em nossa civilização, mas é parte
REAL da vida. Por todo o hospital pelo qual passamos nos diz que o sofrimento é real.
As sirenes das ambulâncias que soam até de madrugada nos dizem que o sofrimento é
real. As lágrimas que correm pelo nosso rosto na hora da dor e da morte nos dizem que
o sofrimento é real. MAS, DEUS CUIDA DE NÓS...
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
Quando nos sentirmos fracos, DEUS virá no momento mais escuro da nossa vida para
nos ensinar que não dependemos das circunstâncias para viver. ELE irá mostrar que se
encontra no CONTROLE de todas as situações. O sofrimento, muitas vezes, é o anúncio
de milagres que estão para chegar.
Portanto, quando estivermos atravessando provação ou tribulação vamos lembrar que
DEUS pode usar essas experiências para nosso bem. Ao final da provação, poderemos
dizer como Jó: “Eu sei que meu Redentor vive e, por fim, se levantará sobre a terra”
(Jó 19.25).
Parte 02 - Íntegro e reto
“Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó, homem íntegro e reto, temente a
DEUS e que se desviava do mal” (Jó 1.1).
(01) Qualidades de Jó:
Íntegro = honesto, imparcial (o caso da batida de outro carro no meu).
Reto = que segue sempre a mesma direção, direito, justo nas palavras, nos atos e nos
pensamentos.
Temente a DEUS = levar DEUS a sério
Desviava-se do mal = um caráter acima de qualquer suspeita.
(02) História que se passa no tempo de Abraão, 2.000 anos antes de Cristo, tempo dos
patriarcas.
· Não há menção à lei de Moisés, nem a fatos da história do povo de Israel.
· Sua riqueza é contada em termos de gado.
· O próprio Jó oferece sacrifícios pelos pecados. Ele é o sacerdote de sua família,
como Abrão, Isaque e Jacó.
(03) O significado do nome Jó é incerto. Algumas sugestões:
· O que se volta para DEUS
· O atacado
· O perseguido
(04) Viveu na região ao leste do rio Jordão, onde hoje seria o país chamado Jordânia.
(05) Era rico, influente e respeitado em sua terra. Era, também, um dedicado servo do
Senhor. Mesmo não sendo descendente de Abraão, ele cria no DEUS de Israel e O
adorava e servia de todo coração.
(06) Outras passagens bíblicas confirmam a REAL existência de Jó: Ezequiel 14.14 -
“Mesmo que estes três homens, Noé, Daniel e Jó, estivessem nesta cidade, eles por sua
retidão só poderiam livrar a si mesmos”. Tiago 5.11 - “... vocês ouviram falar sobre a
perseverança de Jó e viram o fim que o Senhor lhe deu”.
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
(07) Jó foi um personagem real. Enfrentou duras provações e venceu. Sua história foi
contada durante muitos séculos, de geração em geração. Os detalhes dessa história de
tornaram conhecidos de todos os que moravam naquela região. Tempos depois um autor
inspirado preparou a narrativa, acrescentou detalhes que DEUS lhe inspirou e assim
formou-se o livro de Jó que temos hoje.
(08) Os detalhes desta narrativa foram trazidos até nós pela inspiração do Espírito Santo
de DEUS. O véu sobre o mundo espiritual foi tirado para nos deixar ver o que acontece
nas regiões celestiais, por trás do cenário de dor e sofrimento deste justo. Jó estava
tendo as suas lutas no plano natural, mas essas lutas eram decorrentes de uma batalha no
plano espiritual.
Parte 03 - Porque o justo sofre?
(01) A questão do sofrimento dos justos ocupa um lugar central na narrativa. Isso faz
desse livro um livro polêmico. Na época em que foi escrito as pessoas não acreditavam
que os justos pudessem sofrer. Pelo menos, não por muito tempo.
(02) A crença naqueles tempos tão distantes de nós era que, sendo DEUS perfeito, o
mundo também teria de ser perfeito. De acordo com esse pensamento, todas as ações
boas ou más deveriam ser recompensadas NESTA vida.
(03) Se alguém sofresse doenças ou infortúnios isso era sinal de pecados GRAVES.
Essa forma de pensar da antiguidade como a Doutrina Tradicional da Retribuição. Em
resumo: “AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA”.
(04) Não sabemos quem foi o autor do livro de Jó. Mas sabemos que esse autor era um
homem piedoso, que tinha intimidade com o Senhor. Ele seguia e respeitava os
ensinamentos do Judaísmo. Mas, ele discordava dessa doutrina tradicional da
RETRIBUIÇÃO.
(05) A opinião do autor do livro de Jó é que associar dor e pecado é desumano. No
livro, ele procura mostrar essa sua opinião trazendo aos leitores o caso de Jó Toda
aquela sociedade sabia que Jó havia sido um exemplo de FÉ e VIRTUDE. Mas, mesmo
assim, Jó havia passado por aflições que era difícil acreditar. Como a Doutrina da
Retribuição explica essa tragédia?
(06) O autor procurou, não só uma resposta mais exata para o sofrimento do justo, mas
também apresentar um NOVO ensino que fosse capaz de explicar a questão do
sofrimento do justo. Se as tragédias não podiam ser atribuídas às falhas humanas, como
explicá-las então?
(07) Como entender um DEUS justo e, ao mesmo tempo, ver e viver num mundo tão
desigual? Como entender um DEUS santo sem a Doutrina da Retribuição? Se for
verdade que os justos sofrem, POR QUE os justos sofrem? O que faltaria a DEUS:
Poder ou Bondade?
(08) Jó acreditava em uma resposta para estas perguntas. Ele se esforça corajosamente
para encontrar respostas. Jó não se conforma com as respostas simplistas que as pessoas
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
de sua sociedade apresentaram. Com todas as suas forças, Jó se dirige a DEUS em
busca da verdade. O que Jó queria era ouvir a VOZ do Senhor.
(09) Jó é um livro universal. Temos ali a agonia de um coração massacrado pela dor e
pela dúvida. Esses fatos ruins trazem aflições e trazem também questionamentos. Coisas
ruins nos forçam a refletir sobre a vida e põem em evidência nossa fé e nossas
convicções. Somos forçados a enfrentar perguntas que, em situação de alegria e prazer,
não ousaríamos nem imaginar.
(10) O livro de Jó é o clamor da humanidade. Ainda hoje o sofrimento e a dor
atormentam uma multidão de pessoas. O que dizer das tragédias naturais, das guerras e
mortes, das tragédias particulares, como as perdas de entes queridos? É verdade que
nem todos sofrem como Jó sofreu. Mas todos sofrem. Não há ninguém que não conheça
o gosto da dor.
Para quem foi escrito de Jó?
Para todos nós...
Parte 04 - O sofrimento é mau
Ainda hoje, acredita-se que os justos não podem sofrer. Pelo menos, não por muito
tempo. Se DEUS é perfeito, o mundo tem de ser perfeito também. De acordo com esse
pensamento, todas as ações sejam boas ou más devem ser recompensadas nesta vida.
Se alguém é vitima de enfermidades ou “falta de sorte”, isso é visto como sinal de
pecados graves. Essa forma de pensar, no passado, era conhecida como “doutrina da
retribuição”: Aqui se faz - aqui se paga.
O que vemos no livro de Jó é que associar dor e pecado é desumano. Jó foi conhecido
como exemplo de fé e virtude. Mesmo assim passa por aflições sem tamanho. Como
explicar a nós mesmos, seres humanos, esse paradoxo? A partir do livro de Jó vamos
descobrir que o sofrimento humano exige respostas mais concretas.
Assim, é preciso apresentar um novo ensino capaz de explicar a questão do sofrimento.
Se as tragédias não podiam ser atribuídas às falhas humanas, ao pecado do ser humano,
como vamos explicar, então? Como a idéia de um DEUS justo poderia ser harmonizada
com a realidade de um mundo desigual? Como esquecer que Aqui se faz - aqui se paga
e, ao mesmo tempo, lembrar da Santidade de DEUS?
Se for verdade que os justos sofrem, Por que eles sofrem? O que falta a DEUS? Poder
ou bondade para tornar as coisas diferentes? O livro de Jó deve trazer respostas a estas
perguntas. Jó não vai se contentar com as soluções simplistas que as pessoas que estão
perto dele ofereciam para essas questões.
Existe uma lenda, uma história, que conta que no começo as aves foram criadas sem
asas. Sofriam muito para procurar alimento, suas perninhas se feriam nas pedras. Aí,
um dia, as aves amanheceram com um peso nas costas. Houve reclamação geral de
todas as aves. Eram tão frágeis, suas perninhas e seu corpo. E agora o criador as fazia
carregar também esse peso nas costas. Que Criador injusto... Até que uma das aves
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
perguntou-se: Qual a finalidade deste peso nas costas? Ela abriu suas asas novinhas
em folha e se pôs a esvoaçar sobre o solo... As primeiras tentativas foram desastradas.
Não demorou, então, que a primeira ave adquirisse habilidade. E aí, perante o olhar
abismado das outras aves, ela se ergueu às alturas... E, deixou para trás as aflições de
uma vida presa ao chão. Foi então que as outras aves entenderam o que havia
acontecido. Aquilo que apareceu de modo inesperado, e que parecia um peso sem
tamanho, não era uma nova fonte de aflições. Era o instrumento de sua elevação...
O sofrimento sempre se apresenta para nós como alguma coisa desprezível e má.
Sempre tentamos escapar do sofrimento a todo custo. É difícil suportar esse sofrimento,
essa dor, essa aflição. Mas, no meio da aflição podemos erguer os nossos olhos e
perguntar: Existe um sentido maior? Se mantivermos a coragem e a fé, o Senhor nos vai
levar a alturas desconhecidas. Ainda que nem todos possam tomar posse deste tesouro
incalculável, os que aceitam esse desafio vão decifrar o enigma do Mal.
Parte 05 - Porque coisas ruins acontecem a pessoas boas?
A existência do Mal no universo é o problema mais sério para aqueles que crêem em
DEUS. Para o adorador sincero, o sofrimento e a dor que estão em nosso mundo trazem
inquietação e perplexidade.
Chega a ser surpreendente que, num mundo com tantos sofrimentos, ainda existam
pessoas que continuem acreditando num DEUS amoroso e bom. Alguns dizem que são
esses sofrimentos que empurram o ser humano para a fé. Mas, a verdade é que apesar do
Mal as pessoas ainda se apegam ao Criador.
Esse é o paradoxo do nosso mundo: um DEUS perfeito, bondoso, com poder ilimitado.
Apesar disso tudo, observamos injustiças, desastres, tragédias e desgraças.
A Palavra de DEUS tem muito a dizer sobre a dor e o sofrimento. Traz muitas
explicações. As Escrituras ensinam que as pessoas não sofrem do mesmo jeito e nem
pelas mesmas razões.
· Há a dor como julgamento pelo pecado (Jó 4.8)
· Há a dor para fazer o ímpio se arrepender e ser salvo (Salmo 119.67)
· Há o sofrimento para disciplina até do crente (Hebreus 12.7)
· Há o sofrimento para prevenir uma queda do salvo (2ª. Coríntios 12.7)
· O sofrimento vai promover a santificação (1ª. Pedro 4.1)
· O sofrimento purifica a fé (1ª. Pedro 1.7)
· O sofrimento gera perseverança (Tiago 1.3)
· O sofrimento conduz à perfeição (Hebreus 2.10)
· O sofrimento nos aproxima dos que sofrem (2ª. Coríntios 1.4)
· O sofrimento nos faz semelhantes ao Senhor Jesus (1ª. Pedro 4.13)
DEUS não desmerece a dor e o sofrimento de seus filhos. Ele usa isso para Seus
propósitos que são mais elevados. Na Palavra de DEUS encontramos explicações para o
sofrimento. É suficiente substituir o “porque” por um “para que”.
Alguns exemplos de tragédias que geram sofrimento:
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
· Chuvas e inundações provocam desabamentos e um casal perde todos os seus
filhos;
· A jovem que seguiu para o campo missionário é violentada por malfeitores;
· Pais descobrem que seu bebê de poucos meses sofre de uma doença incurável;
· Um caminhão desgovernado choca-se com um carro à porta da igreja e mata
toda a família;
· Um jovem que entra na universidade recebe logo um diagnóstico de leucemia;
· A esposa ouve o marido dizer que tem uma amante e assim põe fim a um
casamento de 20 anos;
Vem de dentro de nós um clamor: Por quê? É um desabafo. É um apelo para que DEUS
nos escute, para que nos socorra, para que venha sentar-se ao nosso lado. Queremos
chamar a atenção do Criador! Queremos que Ele se apresente a nós e nos dê uma
explicação. Fazemos isso porque queremos continuar acreditando nEle... Foi o que fez
Jó...
Parte 06 - Foi uma aposta?
(Leitura em Jó 1.6-12)
(01) O livro de Jó, que se propõe a decifrar o enigma do Mal, tenta resolver um
problema, mas acaba criando outro. Temos a impressão que o livro descreve uma
aposta. Aposta escandalosa. Em algum lugar do universo, DEUS e o diabo se
encontram. Eles começam a conversar e as atenções se voltam para Jó. Os dois têm
opiniões diferentes a respeito desse homem:
· O Senhor o vê com um servo leal.
· Para o diabo Jó não passa de um interesseiro.
Para saber quem está com a razão, resolvem submetê-lo a um teste. Fazem isso
arruinando a vida daquele homem.
(02) Esse início chocante tem levantado sérias dúvidas quanto à inspiração do livro de
Jó. Também o livro tem alimentado questões sobre o caráter de DEUS.
· Que DEUS é esse que se deixar levar pelas provocações de Satanás?
· Como pode o Todo-Poderoso ser alguém tão mesquinho que, a fim de vencer
uma disputa, jogue com a vida das pessoas como se fossem robôs?
· É correto reverenciar um DEUS assim?
· É possível confiar nesse DEUS?
(03) Essa inquietação é fruto de uma análise precipitada. Há muitos que incorrem no
erro de fazer uma leitura superficial de Jó. Até intelectuais famosos, como o psicólogo
Carl Jung, caíram nessa armadilha.
· “Não é um espetáculo digno ver como tão rapidamente o Senhor abandona seu
serviço fiel e o entrega o espírito mau. E com que despreocupação e falta de
cuidado deixa Jó cair no abismo do sofrimento, físico e moral”.
· Vejo um DEUS que joga com a vida de suas criaturas, diz o psicólogo.
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
(04) Se o livro de Jó fosse um jogo, esse jogo já terminaria no capítulo 2. O patriarca
passa imediatamente no teste. Ele se solta dos ataques malignos com muita facilidade.
Ainda que Satanás lhe arranque os bens, a família, a reputação e a saúde - não consegue
arrancar-lhe a fé. Ele não se revolta em momento algum. Não blasfema contra DEUS.
Não reclama das calamidades. Permanece fiel ao Senhor e prova que a sua devoção era
sincera.
(05) Vejam que Satanás some no final do capítulo 2. Ele não tem mais nada a fazer. Não
tem mais nada a dizer. Foi derrotado de forma definitiva e vergonhosa. Tornou-se um
personagem dispensável para a continuação da história. Resta a Satanás se retirar com o
rabo entre as pernas, e desaparecer. E é isso exatamente que ele faz.
(06) Então por que o livro não termina na Introdução? Por que o livro se estende por
páginas e mais páginas. Se o enredo do livro fosse somente a disputa entre DEUS e o
diabo, seria lógico se esperar sua conclusão: DEUS ganhou! Satanás perdeu... Jó passou
no teste. DEUS poderia procurar seu servo fiel e explicar-lhe o acontecido, cobrindo em
seguida de bênçãos a fim de recuperar suas perdas. Mas não é o que acontece. Sabemos
que, quando o capítulo 2 termina, a história mal está começando...
(07) O que lemos nos primeiros 2 capítulos do livro de Jó não é uma aposta. Algo muito
mais sério acontece ali. Se quisermos interpretar corretamente o texto precisamos
sempre nos lembrar disso.
Parte 07 - Os Filhos de DEUS
“Num dia em que os Filhos de DEUS vieram apresentar-se perante o Senhor, veio
também Satanás entre eles. Então perguntou o Senhor a Satanás: De onde vens?
Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela” (Jó 1.6).
(01) Satanás se apresenta diante de DEUS com os outros Filhos de DEUS. É difícil
acreditar que Satanás foi um filho de DEUS? Criado para servir ao Senhor?
(02) Filhos de DEUS no original em hebraico tem o significado de “seres celestiais”
(anjos, querubins e serafins). Fica claro que Satanás apresentou-se diante de DEUS
como ser espiritual. Isso numa dimensão diferente da nossa, pois ele pode conversar
com o Senhor diretamente.
(03) Referências: Jó 38.7, 1ª. Reis 22.19, Daniel 7.9-10, Hebreus 1.7 e 14.
Parte 08 - Um intrometido
(01) A história começa dizendo que, num dia em que os anjos - os filhos de DEUS -
compareceram perante o Senhor, Satanás apresentou-se entre eles (Jó 1.6).
(02) Esta expressão, entre eles, indica que Satã era um intruso entre eles. Isso faz
bastante sentido. O diabo não é um filho de DEUS. Perdeu essa condição quando se
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
rebelou e foi expulso. Há indícios de que, após sua queda, Satanás tenha conservado um
limitado acesso à presença de DEUS. Em tais ocasiões, ele se apresenta como o
Acusador, (Zacarias 3.1). Esse acesso à presença de DEUS continuou até a morte e
ressurreição do Senhor Jesus (Apocalipse 12.10), quando então tudo lhe foi negado.
(03) É com um intruso que o diabo se apresenta. Interpelado pelo Senhor sobre os seus
movimentos, responde de forma evasiva: “Estava passeando pela terra”. Satanás quer
dar a impressão de ser INOFENSIVO. Mas ao ouvir o nome de Jó, o diabo se revela
como realmente é: debochado, odioso e cheios de intrigas. Os elogios do Senhor a Jó,
um servo leal, representam uma provocação. Mas também uma oportunidade dupla.
(04) A primeira oportunidade: expressar sua opinião sobre o relacionamento entre
DEUS e os servos do Senhor. Na visão do Maligno, tudo não passa de um sujo jogo de
interesses.
· A ligação com DEUS é uma coisa nojenta;
· As pessoas obedecem a DEUS e fingem amá-lo para serem abençoadas;
· Por outro lado, o Senhor abençoa essas pessoas para a lealdade delas;
(05) O Maligno não crê que alguma coisa possa ser verdadeiramente boa. Não acredita
que haja amor. Eis o pensamento do Maligno:
· Jó te serve para obter vantagens;
· Ele é protegido e está enriquecido;
· DEUS abençoa Jó com segundas intenções;
· Quando DEUS abençoa Jó aí recebe adoração;
(06) É como se Satanás dissesse:
· Dizem que sou mau e invejoso;
· Mas, eu sou honesto;
· Sou egoísta e mau;
· Entre DEUS e os seres humanos não existe amor sem interesse;
(07) A segunda oportunidade que Satanás enxerga é de molestar Jó. Como é a
encarnação do mal, o Diabo não deixa passar a oportunidade de prejudicar um homem
bom. Ele há havia reparado em Jó antes. Havia desejado roubar a sua paz. Mas nunca
tivera a oportunidade porque o Senhor havia protegido Jó de todo lado (Jó 1.10).
(08) Satanás lança um desafio. Mas ele não sabe que DEUS é perfeito e não pode ser
tentado pelo Mal? (Tiago 1.13). Satanás não é ingênuo. Ele se encontra cego pelo desejo
do mal. Vai tentar jogar DEUS contra Jó.
Parte 09 - A resposta da mulher de Jó
“Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a DEUS e
morre” (Jó 2.9).
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
(01) Para a mulher de Jó tudo estava claro. Ela conhecia a integridade de seu marido e
sabia que ele nada tinha feito para merecer aquele sofrimento. Então sua conclusão era
óbvia: os seres humanos estão por conta própria. A bondade não compensa. DEUS não
liga a mínima: COISAS RUINS ACONTECEM PORQUE DEUS NÃO SE IMPORTA.
(02) Ela foi até o depósito de lixo onde Jó estava e lhe deu uma última palavra. Caberia
a Jó dar um fim naquilo tudo. Por que continuar com a crença de que existe um DEUS
justo e bom? Tudo indica o contrário...
(03) Parece que ela tinha pelo menos duas intenções:
· Alívio emocional: Jó não precisava mais procurar uma explicação para tudo;
· Alívio físico: A blasfêmia traria morte e descanso;
(04) Aqui precisamos discutir duas coisas sobre tirar a vida de pessoas:
· Eutanásia, tirar a vida de uma pessoa a fim de evitar o sofrimento;
· Suicídio, a própria pessoa tirar sua vida;
Nenhuma destas saídas é aceitável. Só DEUS tem o poder de dar a vida e somente Ele
pode tirá-la.
(05) Jó responde: “O que você sugere não tem cabimento”. Jó deixa claro que sua fé não
estava condicionada a benefícios. Para Jó o relacionamento entre DEUS e os seres
humanos não pode ser uma transação comercial, um negócio.
(06) Como a mulher de Jó reagiu a isso? Teria dado razão a Jó? Terá conservado
amargura no coração? Não sabemos. Neste ponto ela desaparece da narrativa, mas sua
participação foi importante. A opinião dela é a mesma, hoje em dia, de muita gente, até
dentro de nossas igrejas.
(07) Pode existir uma “mulher de Jó” dentro de cada um de nós. Sempre que somos
atingidos por tragédias uma voz que acusa DEUS se ergue dentro de nós. “DEUS não se
importa comigo”. Por causa disso podemos perder a fé e ficar revoltados.
Parte 10 - A resposta dos amigos de Jó
(Leitura em Jó 2.11-13 e Jó 3.17-19)
(01) A notícia dos sofrimentos de Jó correu por nações vizinhas. Os três se encontram e
seguiram juntos para a terra de Jó. Queriam levar algum conforto ao companheiro em
dificuldades.
(02) Viram Jó ao longe, desfigurado, e mal puderam acreditar. E começaram a chorar.
Rasgaram as suas vestes e cobriram a sua cabeça com terra. Aflitos, aproximaram-se e
sentaram-se ao lado de Jó no depósito de lixo. Permaneceram em silêncio 07 dias e 07
noites. Não sabiam o que dizer.
(03) Amigos de verdade eles provaram a sua lealdade. Isso deve ter feito muito bem a
Jó. Ele pode contar com os amigos fiéis ao seu lado, em silêncio respeitando a sua dor.
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
(04) Finalmente chegaram a uma conclusão que poderia machucar Jó. A opinião dos
amigos era: coisas ruins acontecem porque as pessoas fazem por merecê-las.
(05) Naquele tempo as pessoas pouco sabiam a respeito do céu e do inferno, das
recompensas eternas ou do juízo final. Mesmo no tempo de Jesus havia um grupo de
pessoas que não acreditava na vida após a morte: os saduceus (veja Lucas 20.27-40).
(06) Nos tempos de Jó as pessoas acreditavam que todos, depois da morte, iam para
uma caverna subterrânea chamada SHEOL (Jó 3.17-19). Não alimentavam esperanças
com relação ao futuro. Assim, se DEUS fosse fazer justiça deveria fazer isso enquanto
estavam vivos.
(07) Já que todos eram iguais no túmulo, o pensamento era que todos os atos das
pessoas deveram ser punidos ou recompensados em vida aqui na terra.
(08) Esse pensamento antigo levou os amigos de Jó à seguinte conclusão: Jó era, na
verdade um grande pecador. Por trás de uma fachada de santidade, ele havia ocultado
uma vida inteira de ações e pensamentos maus. Agora o braço de DEUS o havia
alcançado.
(09) Hoje muitos fazem assim quando lêem a história deste homem. Procuram falhas
em Jó para justificar seus sofrimentos. Inventam toda sorte de acusações contra ele. Por
exemplo:
· Não era dizimista;
· Religiosidade só de aparência;
· O medo de ficar pobre estava atormentando a Jó;
· Deus está pesando sua mão;
Jó não era perfeito, mas não havia nenhuma falta para justificar seus sofrimentos. Nem
todo sofrimento pode ser explicado como castigo de DEUS.
(10) Aprendemos aqui que, quando estamos diante de uma pessoa aflita e atribulada, o
melhor que podemos fazer é ficar quieto. Sofrer junto não quer dizer falar, falar, falar...
Carinho, compreensão falam mais alto que 1000 palavras. Posso oferecer um sorriso,
uma lágrima, um abraço, uma oração. Esses atos vão mostrar à pessoa que sofre que ela
não está sozinha.
Parte 11 - Quem são os amigos de Jó
“Ouvindo os três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram cada um do
seu lugar: Elifaz de Temam, Bildade, de Suã e Zofar da cidade de Naaman; e
convidaram ir juntamente condoer-se dele e consola-lo. Sentaram-se com ele em terra 7
dias e sete noites; e ninguém lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito
grande” (Jó 2. 11-13).
(01) “DEUS me proteja dos meu amigos porque os inimigos eu mesmo cuido”. Esta
frase fala da decepção que muitas vezes temos com alguns dos nossos companheiros.
Vejamos por exemplo o caso do Rei Davi relatado no Salmo 55, versos 4-6 e 12-14.
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
(02) É sempre mais fácil evitarmos os golpes daqueles que estão contra nós,
declaradamente. É normal conservarmos nossos inimigos à distância. Quando sabemos
que alguém deseja o nosso mal, assumimos atitudes de defesa e permanecemos atentos.
(03) Mas, se é um amigo que nos fere, somos pegos de surpresa. O desapontamento nos
atinge quando estamos abertos e vulneráveis. Assim, a dor é muito maior. Às vezes
nossos piores sofrimentos são causados por pessoas queridas que falham conosco. Foi
isso o que aconteceu com Jó.
(04) As primeiras atitudes dos amigos de Jó foram notáveis. Eles mostraram que eram
amigos de verdade. Provaram a sua lealdade acima de qualquer dúvida. Levaram
solidariedade ao monte de cinzas.
(05) Essa iniciativa deve ter feito muito bem a Jó. Poder contar com os amigos fiéis ao
seu lado, observando um silêncio respeitoso diante da sua dor, trouxe a ele um pouco de
alívio. Mas as coisas não pararam por aí, infelizmente.
(06) Durante os dias em que ficaram calados, os amigos de Jó começaram a meditar nas
coisas que estavam acontecendo. Eles desenvolveram as suas próprias teorias, para
explicar o sofrimento desse homem. Finalmente chegaram a uma conclusão. Essa
conclusão vai machucar Jó muito mais do que tudo o que lhe acontecera até o momento.
Coisas ruins acontecem porque as pessoas fazem por merecê-las!
Parte 12 - Sofrimento insuportável
“Disse Jó: Pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: Foi concebido um
homem! Converta-se aquele dia em trevas; e DEUS, lá de cima, não tenha cuidado
dele, nem resplandeça sobre ele a luz. Reclamem-no as trevas e a sombra da morte;
habitem sobre ele as nuvens; espante-o tudo o que pode enegrecer o dia” (Jó 3.2-5).
(01) Pereça o dia em que nasci - Depois de ser atingido por uma doença pavorosa e
deformadora, de ser abandonado em sua fé pela própria esposa, depois de passar
semanas assentado sobre cinzas, no lixo, Jó finalmente se pronuncia.
(02) Agora temos a oportunidade de conhecê-lo melhor. Podemos ver a Jó não como um
crente que não se abala, mas como um homem de carne e osso. É como uma represa
que se rompe. Seus sentimentos começam a jorrar.
(03) Com certeza foi o silêncio respeitoso dos amigos que deram coragem a Jó para
abrir o coração. Depois, será que ele se arrependeu? Aqui vemos esse homem
expressando suas emoções. Lamentou o fato de ter vindo ao mundo e amaldiçoou o dia
do seu nascimento.
(04) Jó deseja não ter nascido. Seu sofrimento é insuportável. Isso faz desaparecer toda
a alegria vivida antes. Essa alegria agora parece distante e uma ilusão. É como se,
durante anos, Jó tivesse vivido uma farsa. Ele acreditava que era feliz quando, em
verdade, a desgraça aguardava uma oportunidade para ferir a ele.
(05) O maior desejo de Jó era gozar da presença e do favor de DEUS. Agora tinha
acontecido toda aquela desgraça e parecia que DEUS o tinha abandonado. Ele não
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
entende a razão de tudo aquilo. Era isso que ele temia: perder o relacionamento com seu
DEUS. Mesmo assim, Jó não blasfemou contra DEUS; continuou orando ao Senhor e
rogando a Ele por sua misericórdia e socorro.
(Veja Jó. 3.24-26 e Jó 6.8-9)
Parte 13 - O primeiro amigo Elifaz
“Se alguém tentar falar contigo, ficarás enfadado? Quem, todavia, poderá conter as
palavras?” (Jó 4.2-6).
(01) A fala inicial de Jó, conforme cap. 3 foi um desabafo. Ele não estava cobrando
explicações dos seus amigos. Ele não espera também que seus amigos possam ter
alguma explicação para o seu sofrimento. Mas os seus amigos sentem que tem
obrigação de responder o desabafo de Jó.
(02) Elifaz, o mais velho, é o primeiro a falar. Ele deseja ser o mais gentil possível. Ele
fala respeitosamente. Pede que Jó não fique zangado com o que ele vai falar.
(03) Elifaz reconhece em Jó um homem religioso, mas repreende Jó porque não mostra
a mesma calma que Jó recomendara às pessoas que aconselhava (“chegando a tua vez,
tu te enfadas; sendo tu atingido, te perturbas...”).
(04) Em seguida esse amigo de Jó fala sobre a desgraça dos ímpios e as alegrias dos
justos. Afirma a Jó que se ele esperar em DEUS verá a tempestade passar e o sol tornará
a brilhar.
(05) Elifaz diz que talvez DEUS esteja repreendendo Jó por causa de alguma falha. Se
for assim Jó deve controlar seu ímpeto. Deverá arrepender-se dos seus erros e assim
será restaurado, curado, liberto.
Parte 14 - Os debates
(01) Recordando
· Jó tem o caráter íntegro e reto, desvia-se do mal e é temente a DEUS;
· Sua mulher está ao seu lado;
· Seus amigos estão do lado de DEUS;
· Jó não sabe o que fazer a não ser proclamar a sua inocência;
(02) Os Amigos
· Elifaz - Diz a Jó: “Não desprezes a disciplina do Todo-Poderoso” (Jó 5.17-18);
· Bildade - Diz a Jó: “Tuas palavras são como vento” (Jó 8.1-3), insinua que os
filhos de Jó tiveram o que mereciam (Jó 8.4) e diz que é preciso buscar a DEUS
(Jó 8.5-6);
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
· Zofar - “Jó, você é um tagarela. Fala demais” (Jó 11.1-6);
(03) Jó declara sua inocência: “Quero defender-me diante de DEUS” (Jó 13.3-5 e 13.
22-24).
(04) Conclusão
· Um hino de esperança pela nova vida, ainda que distante: Jó 14.7-12.
· Jó acreditava que, ainda depois de morto e estando no Sheol, DEUS o traria de
volta à vida. Jó expressa sua esperança numa ressurreição pessoal, conforme o
ensino do Novo Testamento, em 1ª. Coríntios 15.20 e 1ª. Tessalonicenses 4.16-
17.
· Jó está baseado no sólido amor de DEUS por Seu povo, conforme Jó 14.15 -
DEUS tem amor por aquilo e por aqueles que Ele criou.
· Jó mostra aqui uma grande expressão de FÉ.
Parte 15 - Os amigos atacam. Jó se defende.
(01) Os ataques de Elifaz:
· Ele diz a Jó: “A tua própria boca de condena e não eu” (Jó 15.6);
· “Todos os dias o ímpio sofre tormentos, no curto número de anos que se
reservam para o opressor” (Jó 15.20);
(02) Os ataques de Bildade:
· São suas palavras a Jó: “A luz dos ímpios se apaga; a faísca do seu lar não
resplandece; a luz se escurece nas suas tendas e a sua lâmpada ao lado dele se
apaga” (Jó 18.5 e 6);
· “(O ímpio) é arrancado de sua tenda e é levado ao rei dos terrores” (Jó 18.14);
(03) Os ataques de Zofar:
· Suas palavras a Jó: “O júbilo dos ímpios é breve e a alegria dos ímpios dura
apenas um momento. Ainda que o seu orgulho suba até o céu, e a sua cabeça
chegue até as nuvens, como o seu próprio ESTERCO apodrecerá para sempre”
(Jó 20.5 a 7);
(04) Mas, Jó continua aguardando a sua redenção:
· “Quem me dera fossem as minhas palavras escritas, que fossem gravadas num
livro...” “Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a
terra... E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a
DEUS” (Jó 19.23-27);
· “Ah, se eu soubesse onde encontrá-lo! Então me chegaria ao Seu tribunal,
exporia ante Ele a minha causa, e encheria a minha boca de argumentos” (Jó
23.3-4);
(05) A Certeza que Jó tinha:
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
· Jó tinha a certeza de possuir um Salvador. Ele tinha um amigo, o seu Redentor.
Jó sabia que não estava sozinho, entregue à própria sorte. Ele tinha um
relacionamento com o Criador. Jó o sentia distante, mas sabia que podia contar
com o Seu auxílio.
· Jó tinha a certeza de possuir um Salvador VIVO. Seu Redentor não estava
morto, mesmo guardando silêncio. Podemos ver nesta passagem Jesus, o
Redentor da humanidade. Podemos ver na fala de Jó uma referência a Jesus, o
nosso Salvador, morte, ressurreição e sua volta?
Parte 16 - O que faltou para Jó e seus amigos
(01) Jó diz a Bildade que de nada adianta apelar para a insignificância humana. Ele
começa a exaltar a soberania de DEUS. Jó diz que o Senhor é tão grande quanto Bildade
afirmou e mais ainda (Jó 26. 11-14).
(02) Jó diz ainda que não discorda inteiramente de seus amigos. Diz que a “Doutrina da
Retribuição” (aqui se faz aqui se paga) não se aplica a todos os casos. Para o patriarca
dizer que os maus nunca serão punidos seria fazer uma declaração falha (Jó 27.13-17).
(03) Para o patriarca no nosso mundo coexistem, lado a lado, justiça e injustiça, lógica e
absurdo, castigo e impunidade. Há ocasiões em que o Senhor cura e outras em que Ele
não cura. Algumas vezes o Senhor livra e em outras vezes não livra (Jó 26.10-14).
(04) A grande dificuldade de Jó e de seus 03 amigos é que eles tentavam resolver um
problema para o qual lhes faltavam elementos. Um quebra-cabeça sem todas as peças.
De que peças os 04 não possuíam?
· Faltavam para Jó e seus amigos informações sobre Satanás. Eles desconheciam
o fato de que existe uma força maligna operando no mundo. Eles atribuíam a
DEUS tudo o que não tive uma explicação humana. Não devemos atribuir a
DEUS iniciativas que não são dEle. O livre arbítrio significa que podem ocorrer
coisas que DEUS não aprova. Mas Ele sempre pode usar isso.
· Faltavam para Jó e seus amigos informações sobre a vida além túmulo. Eles
acreditavam que a justiça de DEUS terminava do lado de cá do túmulo. Jó
conseguiu expandir essa visão, numa fé admirável. Ele tem vislumbres da
eternidade. Seus amigos não.
· Faltavam para Jó e seus amigos informações sobre o ministério do Senhor Jesus.
A morte de Jesus Cristo no Calvário para salvar a humanidade deu uma nova
visão sobre a dor e o sofrimento. A morte de Jesus na cruz nos faz enxergar a
profundidade do amor de DEUS. Também a morte de Jesus nos mostra que
DEUS pode extrair bênçãos dos acontecimentos trágicos.
Conhecemos o que Jó e seus amigos não conhecem. Mas ainda não temos todos os
detalhes. Existem coisas que não entendemos e outras que nos serão reveladas na Glória
(1ª. Coríntios 13.12).
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
· O que faltou aos amigos de Jó? FÉ. Os sofrimentos de Jó o estavam levando
para mais perto de DEUS.
Parte 17 - Em busca da verdadeira sabedoria
(01) Até onde a razão humana pode ir? Somos seres racionais e temos sede de respostas.
Mas até que ponto minha capacidade intelectual é uma ferramenta adequada para
desvendar os mistérios sobrenaturais? Este é o assunto do capítulo 28 do livro de Jó,
que pode ser dividido em 03 partes:
· A pesquisa humana não pode alcançar a sabedoria (Jó 28.1-13). Nossa busca
de sabedoria é como a procura por pedras preciosas, como fazem os
mineradores. Mas a coragem e a habilidade deles são notáveis para obterem
diamantes. Porém não são suficientes para assegurar a sabedoria
· A riqueza humana não pode comprar a sabedoria (Jó 28.14-22). Não
podemos comprar a sabedoria? A sabedoria é muita cara para ser comprada com
os bens materiais. O dinheiro não compra o entendimento de: quem somos, de
onde viemos, para onde vamos.
· DEUS tem a verdadeira sabedoria (Jó 28.23-28). Somente o Senhor, que criou
o universo e firmou as suas leis possui TODO o conhecimento. É preciso
estabelecer um relacionamento íntimo com o Criador. Ele é a própria essência da
sabedoria.
(02) O temor do Senhor é o principio da sabedoria (Salmo 111.10 e Provérbios 9.10).
Na Bíblia a sabedoria é vista como mostra de bom senso e santidade. Não como o
resultado de um teste de QI. As respostas que atormentam Jó e também a nós só
poderão ser encontradas no íntimo do nosso DEUS. Há a limitação humana e há
também a sabedoria de DEUS. Todas as coisas (e não somente as coisas boas)
cooperam para o bem daqueles que amam a DEUS (Romanos 8.28).
Parte 18 - A resposta de Eliú
(01) Vamos recordar? Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas?
· A resposta de Satanás: Porque é uma forma de afastar as pessoas de DEUS;
· A resposta da mulher de Jó: Porque Deus simplesmente não se importa;
· A resposta dos amigos de Jó: Porque as pessoas merecem o mal que recebem.
São pecadoras;
· A resposta de Jó: Porque Deus pode fazer o que ele quiser;
(02) Jó não tem mais nada a dizer. Declarou a sua inocência, assinou-a e agora aguarda
que o Senhor se pronuncie. Para ele se houver o silêncio da parte de DEUS isso
significa que Jó e seu raciocínio vão prevalecer. Jó conseguiu calar sua mulher, Satanás
e seus 03 amigos. Conseguirá calar também a DEUS? (Jó 31.35-40)
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
(03) Quando tudo já parecia decidido, o desafio de Jó ao Senhor foi lançado, aparece
uma interrupção: um jovem chamado Eliú aparece e afirma ter a resposta para o enigma
do mal (Jó 32. 1-5).
(04) Eliú não aparece na introdução do livro de Jó, nem na conclusão. Caiu de páraquedas
na história. Embora sua genealogia seja apresentada, não existe certeza acerca de
suas origens. Uma das possibilidades é a sua descendência da família de Abraão
(Gênesis 22.21). Outra possibilidade é ser natural da cidade de Buz (na atual Arábia,
próxima à região que os historiadores acreditam ser a localização de Uz) (Jeremias
25.23).
(05) Ele afirma que: coisas ruins acontecem porque esta é uma forma de Deus
ensinar algo às pessoas (Jó 33. versos 1, 8 a 14, 29 e 30). Ver também Salmo 119.67,
2ª. Coríntios 12.7 e Tiago 1.2-3.
(06) Eliú diz que Jó e seus 03 amigos haviam se concentrado no aspecto da dor como
punição pelo pecado. Eliú afirma que eles haviam esquecido a dor como ensino. Eliú
muda o foco. No lugar de Por quê? Ele fala do Para Que? Ele procura achar uma
utilidade no sofrimento.
(07) Uma questão ainda fica em aberto: Porque Deus utiliza a dor e o sofrimento para
nos ensinar alguma coisa? Deus não poderia utilizar outro recurso?
(08) “Quem não vem pelo amor vem pela dor” pode até ser um ditado verdadeiro, mas
não se aplica a todas as pessoas. Não se aplicava a Jó. Veja que Eliú não solucionou o
problema do Mal.
Parte 19 - A resposta de DEUS
(01) Nos capítulos 38 a 41, o Senhor fala a Jó e o ajuda a reencontrar ordem e
significado para a sua vida. Mas, as palavras do Senhor não são aquelas que esperamos
tanto para escutar. As palavras de DEUS são inesperadas e extraordinárias. Isso
acontece por 03 razões:
· Deus não faz acusações. O Senhor não chega com uma lista de pecados. Os
amigos de Jó imaginaram que havia uma lista de pecados, a lista seria
verdadeira. E Jó achava que se essa lista aparecesse, ele poderia refutar todos. O
fato de não aparecer a tal lista mostra que seus amigos estavam enganados. O
sofrimento de Jó não era uma punição pelos seus pecados.
· Deus não dá explicações. Ele não menciona a conversa inicial com Satanás. Jó
não ficará sabendo o que aconteceu no mundo espiritual. Não saberá das
insinuações do Maligno. Não ficará sabendo da confiança demonstrada pelo
Senhor. Não saberá da atuação de Satanás por trás de seus sofrimentos. DEUS
não oferece nenhum Por quê?
· Deus convida a reflexões. No lugar de aparecer com resposta, o Senhor vem
carregado de perguntas (Jó 38.4-7).
(02) O Senhor não comenta os problemas morais que Jó e seus amigos trataram. O
Senhor fala do mundo natural: estrelas, ventos, cores, sons, plantas e animais. DEUS
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
expõe a perfeição e o equilíbrio presentes na obra de Suas mãos. DEUS pergunta:
“Você pode me explicar como eu faço tudo isso?”
(03) O Senhor leva Jó a enxergar as suas limitações: “Onde estavas tu...?” (Jó 38.4). Se
Jó não tem condições de entender as realidades materiais, como poderá entender e
explicar as coisas espirituais? Se não podemos compreender o que vemos como
poderemos explicar o que não vemos? De forma amorosa, mas firme, o Senhor
repreende o Seu servo e também censura aqueles que acham que o Senhor deveria
governar o mundo de outra maneira (Jó 40.1-2 e 6-10).
(04) Uma grande resposta a esta questão foi dada pelo Senhor Jesus ao Apóstolo Pedro,
acerca do futuro que nos está reservado (João 13.7).
(05) Será muito bom também meditar em Hebreus 11.6. Fé é a Confiança inabalável no
caráter de DEUS. Ter fé é mais do que acreditar. É confiar a ponto de obedecer. Esta é
uma condição indispensável para qualquer um que deseje caminhar com o Senhor.
(06) Ao confrontar Jó com as exigências da FÉ, DEUS não estava pedindo que
acreditasse em algo absurdo. DEUS diz que Jó tinha elementos para crer na bondade do
DEUS TODO-PODEROSO.
(07) Se desejamos servir ao SENHOR vamos conviver com o desconhecido (Salmo
34.8).
(08) Coisas ruins acontecem numa dispensação de amor e de poder.
Parte 20 - Vitória e Restauração
(01) Estamos acostumados a associar o amor de DEUS às coisas boas que nos
acontecem. Mas, isso pode nos levar a conclusões errôneas. Quando o nosso Redentor
estava pendurado na cruz do Calvário, a multidão gritou: “Confiou em DEUS, pois que
Ele venha livrá-lo agora, se de fato Ele lhe quer bem” (Mateus 27.43).
(02) Na opinião da multidão, o livramento de Jesus demonstraria que ele era justo e
amado por DEUS. Sua morte, pelo contrário, provaria que DEUS não o amava, nem
confirmava seus atos.
(03) O que aconteceu, então? Como sabemos DEUS não livrou Seu Filho. Em vez
disso, Ele fez algo melhor. Através da morte na cruz e de sua ressurreição, DEUS
providenciou a exaltação do Senhor Jesus e a redenção da humanidade. Assim podemos
dizer que: Coisas ruins acontecem porque Deus pode usá-las para abençoar a quem ele
ama.
(04) Sim, é verdade. DEUS sempre pode extrair coisas boas das tragédias. No caso de
Jó, sua experiência no árido deserto das dores e das tribulações proporcionou-lhe
crescimento e uma nova visão de DEUS.
(05) No capítulo final do livro, capítulo 42, nos versos 1 a 6, vemos que Jó alcança uma
bela compreensão dos propósitos divinos. Ele levantou perguntas corajosas enquanto
Pr. Ezequias Costa [ESTUDO NO LIVRO DE JÓ]
DEUS permaneceu em silêncio. Mas calou-se, humildemente, quando DEUS se
pronunciou. Isso contribuiu para um notável desenvolvimento da fé de Jó.
(06) Em primeiro lugar, Jó entende que sua comunhão com DEUS não havia sido
quebrada. Os sofrimentos pelos quais passou não indicavam pecado de sua parte, nem
indiferença da parte do Senhor. DEUS e Jó continuavam a ser amigos. Os dois, DEUS e
Jó, saíram da tragédia mais achegados do que antes.
(07) Em segundo lugar, Jó descobriu que os planos de DEUS não haviam sido
frustrados. O Senhor havia proposto abençoar a vida de Jó e nada poderia impedir isso.
Veja que DEUS faz TODAS AS COISAS - as acusações de Satanás, os absurdos da
vida e até a falta de sensibilidade de seus amigos – concorrerem para o seu bem. Veja
que Jó diz: “Nenhum dos Teus intentos pode ser frustrado”. Vamos ver também
Jeremias 29.11 - “EU é que sei os pensamentos que EU tenho a vosso respeito;
Pensamentos de Paz e não de mal, para vos dar Esperança e Futuro”.
(08) Em terceiro lugar, Jó reconhece que tinha ido longe demais em suas especulações
sobre DEUS. Ele diz: “Falei de coisas muito profundas que eu NÃO conhecia” (Jó
42.3). O Senhor não nos censura por fazermos perguntas ou expressarmos nossas
emoções. Mas não devemos permitir que isso nos cegue para a realidade. Uma coisa é
questionar a DEUS. Outra coisa, bem diferente, é querer julgar a DEUS.
(09) Ao analisarmos o capítulo 42, os versos 7-8, vemos que o Senhor se volta agora
para os amigos de Jó. Ele se dirige a Elifaz, o líder dos sábios e censura-o duramente.
Com que surpresa Elifaz deve ter ouvido essas palavras: “Quer dizer que Jó, que nos
chamamos de pecador, era na verdade o mais íntegro...”
(10) O erro dos amigos de Jó foi afirmar que o Senhor compra a lealdade das pessoas.
Eles estavam cegos pela Doutrina da Retribuição e por seus ideais de Prosperidade.
Assim, falaram de uma fé interesseira. Eles afirmaram que Jó era movido pela
oportunidade de vantagens e não por amar a DEUS.
(11) Isso deve servir de lição para todos os que, HOJE, vivem mais preocupados em
conquistar as bênçãos do Senhor do que em servi-LO fielmente (Jó 42. 9-15).